Tereza Cruvinel
Estado de Minas: 24/02/2013
Nos rituais da
largada eleitoral, na semana passada, PT e PSDB se agrediram muito, mas
tinham um objetivo comum: manter a polarização recíproca, que marca a
política brasileira desde 1994. Desta vez, terão menor controle sobre
essa variável. Mas a corrida de 19 meses agora seguirá, com momentos de
maior ou menor aceleração. Amanhã, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) volta
ao palco recebendo o ex-presidente Fernando Henrique (PSDB) para o
primeiro dos seminários mensais que o PSDB fará. Os seminários viraram
biombos para a campanha antecipada. Na quinta-feira, o ex-presidente
Lula e talvez a própria presidente Dilma participam, em Fortaleza, do
primeiro dos 13 seminários organizados pelo PT, ainda celebrando os 10
anos no poder. No fim de março, começam os do PSB, denominados “diálogos
para o desenvolvimento”. O Rede de Marina Silva também faz os seus.
Tratemos então de avaliar o que houve e tentar enxergar, até onde a vista alcança, o que está no horizonte, para uns e para outros. Para o campo governista, a largada cumpriu alguns objetivos. Para começar, enterrou o “queremismo” de parte da militância que sonhava com a volta de Lula. Lançando Dilma, ele acabou com isso. Voltou com a performance de grande comunicador, embora a voz já não seja a mesma, e com fome de briga. O PT exibiu unidade e ânimo novo, depois do infortúnio com o mensalão. Dilma é que, apesar da roupa vermelha e do acento crescentemente eleitoral em seus discursos, precisará muito de seu treinador, Lula. Como diz um aliado, ela entrou na campanha, mas não levou, ainda, sua coalizão.
Aécio saiu no lucro, pois não precisou nem produzir uma festa. Com o discurso no Senado, ganhou um banho de luz da mídia, contentou os tucanos que lhe cobravam postura mais agressiva e inibiu os concorrentes internos. Com o seminário de amanhã e novas bênçãos de Fernando Henrique, vai tornando sua candidatura natural e inquestionável. Mostrou-se afiado para atacar o governo, mas, daqui para a frente, precisará também apresentar alternativas.
Por fim, numa evidência de que, desta vez, a polarização pode ser efetivamente quebrada, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), embora ainda não assuma sua candidatura como os outros, entrou na festa largada a partir de um seminário (claro!) com prefeitos no agreste pernambucano. Condenou a antecipação e a polarização, que chamou de “velha rinha”.
Questões que contam
Eleição não é aritmética, mas alguns elementos contam muito.
Máquina – Disputar a reeleição no cargo é uma vantagem avassaladora. Dilma é uma presidente popular, mas isso não basta. Seu governo é bem avaliado, em que pese o baixo crescimento da economia. Mesmo assim, a grande máquina federal conta muito, e o PT aprendeu a usá-la. Aécio contará com os governos estaduais tucanos, mas Dilma, sem dúvida, leva vantagem.
Coligações – A união de muitos partidos determina o tempo de televisão e passa a ideia de que o candidato é o mais forte, o preferido. Dilma teve o apoio de 10 partidos em 2010, batendo o próprio Lula. Deve perder o PSB, mas ganhará o PSD. Entretanto, ainda precisa acomodar todo mundo no governo, na reforma que vem adiando. Aécio deve reproduzir a aliança histórica do PSDB com o DEM e o PPS. Afora algumas pequenas siglas, a oferta de aliados será escassa, o que vale também para Campos.
Televisão – Isso é fundamental. Em 2010, Dilma teve 10 minutos em cada edição de 25 minutos do horário eleitoral, contra sete minutos de Serra e um minuto e pouco de Marina Silva. Deve ampliar esse tempo, mesmo perdendo o PSB, pois outros partidos cresceram sob o fermento do poder. Aécio e Campos devem ter menos tempo que Serra em 2010.
Palanques estaduais – Candidatos a presidente precisam de palanques estaduais. De bons candidatos a governador e a senador. A antecipação nacional está acelerando os arranjos locais. Como no Rio, onde a base dilmista já rachou: o PT lançou a candidatura de Lindbergh Farias e o governador Sérgio Cabral, do PMDB, lançou seu vice, Pezão. Disputando os outros aliados, os dois partidos anunciam que terão Francisco Dornelles, do PP, como candidato a senador. Ele finge que não ouve, mas dificilmente romperá com Cabral.
Agendas positivas
Chove lá for a, mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai dando curso à sua agenda de recuperação política da Casa. Depois dos primeiros pontos da reforma administrativa, que economizará alguns milhões, e das medidas de transparência, anunciou providências legislativas que foram aplaudidas até por um falcão adversário — Randolfe Rodrigues. O regimento será reformado, permitindo sessões especiais mais longas para debates temáticos. Em breve, entra em pauta projeto do próprio Senado, exigindo a prestação de contas anual das agências reguladoras, essas caixas-pretas. E, ainda, a regulamentação do papel constitucional do Senado na formulação da política tributária.
Na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) pensa colocar em votação o fim dos 14º e 15º salários dos deputados, que seriam compensados pela equiparação aos vencimentos dos ministros do STF. Teria sido desaconselhado pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha: essta equiparação agora só vai gerar agenda negativa. Na outra Casa, Renan teria avisado que ela não será votada, para conter o desgaste.
Tratemos então de avaliar o que houve e tentar enxergar, até onde a vista alcança, o que está no horizonte, para uns e para outros. Para o campo governista, a largada cumpriu alguns objetivos. Para começar, enterrou o “queremismo” de parte da militância que sonhava com a volta de Lula. Lançando Dilma, ele acabou com isso. Voltou com a performance de grande comunicador, embora a voz já não seja a mesma, e com fome de briga. O PT exibiu unidade e ânimo novo, depois do infortúnio com o mensalão. Dilma é que, apesar da roupa vermelha e do acento crescentemente eleitoral em seus discursos, precisará muito de seu treinador, Lula. Como diz um aliado, ela entrou na campanha, mas não levou, ainda, sua coalizão.
Aécio saiu no lucro, pois não precisou nem produzir uma festa. Com o discurso no Senado, ganhou um banho de luz da mídia, contentou os tucanos que lhe cobravam postura mais agressiva e inibiu os concorrentes internos. Com o seminário de amanhã e novas bênçãos de Fernando Henrique, vai tornando sua candidatura natural e inquestionável. Mostrou-se afiado para atacar o governo, mas, daqui para a frente, precisará também apresentar alternativas.
Por fim, numa evidência de que, desta vez, a polarização pode ser efetivamente quebrada, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), embora ainda não assuma sua candidatura como os outros, entrou na festa largada a partir de um seminário (claro!) com prefeitos no agreste pernambucano. Condenou a antecipação e a polarização, que chamou de “velha rinha”.
Questões que contam
Eleição não é aritmética, mas alguns elementos contam muito.
Máquina – Disputar a reeleição no cargo é uma vantagem avassaladora. Dilma é uma presidente popular, mas isso não basta. Seu governo é bem avaliado, em que pese o baixo crescimento da economia. Mesmo assim, a grande máquina federal conta muito, e o PT aprendeu a usá-la. Aécio contará com os governos estaduais tucanos, mas Dilma, sem dúvida, leva vantagem.
Coligações – A união de muitos partidos determina o tempo de televisão e passa a ideia de que o candidato é o mais forte, o preferido. Dilma teve o apoio de 10 partidos em 2010, batendo o próprio Lula. Deve perder o PSB, mas ganhará o PSD. Entretanto, ainda precisa acomodar todo mundo no governo, na reforma que vem adiando. Aécio deve reproduzir a aliança histórica do PSDB com o DEM e o PPS. Afora algumas pequenas siglas, a oferta de aliados será escassa, o que vale também para Campos.
Televisão – Isso é fundamental. Em 2010, Dilma teve 10 minutos em cada edição de 25 minutos do horário eleitoral, contra sete minutos de Serra e um minuto e pouco de Marina Silva. Deve ampliar esse tempo, mesmo perdendo o PSB, pois outros partidos cresceram sob o fermento do poder. Aécio e Campos devem ter menos tempo que Serra em 2010.
Palanques estaduais – Candidatos a presidente precisam de palanques estaduais. De bons candidatos a governador e a senador. A antecipação nacional está acelerando os arranjos locais. Como no Rio, onde a base dilmista já rachou: o PT lançou a candidatura de Lindbergh Farias e o governador Sérgio Cabral, do PMDB, lançou seu vice, Pezão. Disputando os outros aliados, os dois partidos anunciam que terão Francisco Dornelles, do PP, como candidato a senador. Ele finge que não ouve, mas dificilmente romperá com Cabral.
Agendas positivas
Chove lá for a, mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai dando curso à sua agenda de recuperação política da Casa. Depois dos primeiros pontos da reforma administrativa, que economizará alguns milhões, e das medidas de transparência, anunciou providências legislativas que foram aplaudidas até por um falcão adversário — Randolfe Rodrigues. O regimento será reformado, permitindo sessões especiais mais longas para debates temáticos. Em breve, entra em pauta projeto do próprio Senado, exigindo a prestação de contas anual das agências reguladoras, essas caixas-pretas. E, ainda, a regulamentação do papel constitucional do Senado na formulação da política tributária.
Na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) pensa colocar em votação o fim dos 14º e 15º salários dos deputados, que seriam compensados pela equiparação aos vencimentos dos ministros do STF. Teria sido desaconselhado pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha: essta equiparação agora só vai gerar agenda negativa. Na outra Casa, Renan teria avisado que ela não será votada, para conter o desgaste.
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