domingo, 21 de abril de 2013

De tudo e outros dois poemas - Radovan Ivsic

folha de são paulo

RADOVAN IVSIC
tradução ECLAIR ANTONIO ALMEIDA FILHO

De tudo que sei
E que sei que sabes
De tudo que vejo
E que sei que tu vês
De tudo que ouço
Quando escuto teu coração
De tudo que me dizes
E que tanto amo
De tudo que se passa
Quando fechas os olhos
De todos os sonhos
De todas as estrelas
De todas as nuvens
De tudo isso sabes
O que me alegra ainda mais?
De tudo isso o que me alegra ainda mais
É que sei que sabes
Porque tu sabes e eu sei também
Tu sabes que me amas
E eu sei que te amo.

BRIONI

Para Annie

Os cervos são borboletas
as borboletas são peixes
os peixes são claridade
a claridade é morte
a morte é laranja
a laranja é vulcão
o vulcão é feno
o feno é elefante
o elefante é afogamento
o afogamento é riso
o riso é montanha
a montanha é anel
o anel é solidão
a solidão é areia
a areia é roda
a roda é terremoto
o terremoto é cílios
os cílios são cascata
a cascata é bigorna
a bigorna é lembranças
as lembranças são vermelho
o vermelho é chicote
o chicote é fim
o fim é mel
o mel é nuvem
a nuvem é o infinito
o infinito é infinito

DE REPENTE

1 e a noite tão veloz
nas ramagens agitadas
e a garotinha
de repente em sonho tão veloz
e os galhos os galhos os galhos

2 ela corre ela corre
mas a sombra não quer em todas as rajadas
nem as folhas
nem suas mãos nem a maravilha
nem seus olhos leves

3 então lentamente
ela andou sobre o riso
sobre a riba
assustou-se diante de suas mãos
e disse para si oh bem baixinho

4 tanto tempo
ela correu sobre as folhagens
que se tornou
turbilhão em torno de seus dedos
e floresta para cada peixe
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