domingo, 17 de março de 2013

Tom Zé rebate críticas por narrar vídeo da Coca-Cola

folha de são paulo

Cantor e compositor, que emprestou voz a comercial do refrigerante, disse que vai usar cachê para pesquisa e produção de seu novo disco
LUCAS NOBILEDE SÃO PAULOAos 76 anos, Tom Zé se acostumou a ver o seu trabalho fazer barulho por sua inquietude e por suas letras imprevisíveis e provocativas.
Mexeu com o ex-presidente americano George W. Bush, com o FMI (Fundo Monetário Internacional), com a falta de rock no festival Rock in Rio de 2011, com a classe política, e até com quem vaiou seu conterrâneo João Gilberto, em show realizado em 1999.
Nos últimos dias, no entanto, o compositor baiano tem sido criticado por outro motivo: a locução que fez para um comercial da Coca-Cola.
Na propaganda do refrigerante -um dos patrocinadores oficiais da Copa do Mundo de 2014-, batizada de
"A Copa de Todo Mundo", Tom Zé exalta o Brasil em texto que dura um minuto.
Diz ele no comercial:
"O Brasil é o país de todo mundo, o futebol é o esporte de todo mundo e a Coca-Cola é a bebida de todo mundo".
Das redes sociais, principalmente, vieram as censuras: "Se rendendo ao companheiro Bush?", provocou a certa altura um -entre tantos-seguidor de Tom Zé.
Na semana passada, ele publicou no Facebook um texto explicando a iniciativa aos fãs. Em entrevista à Folha, Tom Zé disse que vai usar o cachê na produção de seu próximo disco, com lançamento previsto para 2015.
"Tudo o que eu ganho é para o meu trabalho. A Europa, onde eu fazia mais shows e equilibrava o orçamento, ficou pobre, e diminuiu o campo de trabalho. Sem saber, a Coca-Cola financiou o meu próximo disco", explicou sobre o a pesquisa a respeito de instrumentos experimentais, com o engenheiro Marcelo Blanck, que deve nortear o próximo lançamento.
A empreitada não é inédita na carreira do músico. Em 1977, ele compôs um jingle para o guaraná Taí, baseado na música de mesmo nome de Joubert de Carvalho, consagrada em gravação de Carmen Miranda.
"Fizeram pesquisa de mercado e a garotada queria um rock, e desistiram da minha letra", falou o compositor, que gravou "Taí", mas com a letra original, em 1992.
Perguntado se aceitaria o convite para narrar um comercial para a Fifa, Tom Zé disse que não aceitaria.
"Aí, eu não me meto. A Fifa é um negócio de trapaceiros. O futebol é um esporte lindo, administrado por bandidos."

    Um comentário:

    1. “Retocai o céu de anil
      Bandeirolas no cordão
      Grande festa em toda a nação.
      Despertai com orações
      O avanço industrial
      Vem trazer nossa redenção.”
      Pois é, Zé, foi-se a ironia, restou-te a rendição.
      (Sugestão pro Zé: com ligeiras modificações, tenho pra mim que “Parque Industrial” dava um jingle supimpa.)

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